domingo, 3 de junho de 2007

E de novo a armadilha dos abraços


E de novo a armadilha dos abraços.
E de novo o enredo das delícias.
O rouco da garganta, os pés descalços
a pele alucinada de carícias.
As preces, os segredos, as risadas
no altar esplendoroso das ofertas.
De novo beijo a beijo as madrugadas
de novo seio a seio as descobertas.
Alcandorada no teu corpo imenso
teço um colar de gritos e silêncios
a ecoar no som dos precipícios.
E tudo o que me dás eu te devolvo.
E fazemos de novo, sempre novo
o amor total dos deuses e dos bichos.
Rosa Lobato Faria, "Dispersos", Poemas escolhidos e dispersos, Roma Editora, Lisboa, 1997

5 comentários:

Daniel Aladiah disse...

Nem sempre os abraços são uma armadilha :)
Um beijo
Daniel

suruka disse...

Os pés descalsos
a musicalidade
do rouco das gargantas.

Boa escolha Angela.

beijinho

Anónimo disse...

Simplesmente lindo e delicioso poema!

Beijinhossss

A.S. disse...

Um dos mais belos poemas da Rosa Lobato Faria!


Um abraço...

Moura ao Luar disse...

Coisas boas de sentir