sexta-feira, 30 de março de 2007
Brincar no Português
quarta-feira, 28 de março de 2007
Nocturnos
sem pés
entre páginas
de gasta paciência
quando a música findou
e teu sorriso se desfez
como um grão de pólen.
Vens no veneno oculto
de meus dias
no silêncio
dos meus ossos
devagar
arrastando em queda
o nosso mundo.
Vens no espectro
da angústia
na escrita
inquieta
destes versos
no luto maternal
que me devolve a ti.
A escuridão desce então
sobre o meu corpo
quando o rosto da morte
adormece na almofada.
Alguns livros:
Tempo de Morrer,Tempo para Viver (1998)
Terra sem Mãe (2000)
A Definição da Noite (2003)
Nós / Nudos (2004)
segunda-feira, 19 de março de 2007
Carta
quarta-feira, 14 de março de 2007
Carta de amor
terça-feira, 6 de março de 2007
O meu filho não gosta de ler
segunda-feira, 5 de março de 2007
O verbo ler não suporta o imperativo
sábado, 3 de março de 2007
O prazer de ler
- Pára de ler, vais estragar os olhos!
- Vai lá para fora brincar, está um dia lindo.
- Apaga a luz! Já é tarde!
Nesse tempo, os dias estavam sempre demasiadamente bonitos para os desperdiçar com leituras, e as noites eram demasiadamente escuras.
Note-se que, quer se lesse quer não se lesse, o verbo já era conjugado no imperativo. Mesmo no passado, já era assim. De certo modo, ler era um acto subversivo. À descoberta do romance acrescia a excitação da desobediência à família. Era um duplo esplendor! Ah, a magnífica recordação de horas de leitura às escondidas, debaixo dos lençóis, à luz da lanterna. Como galopava a Anna Karenina ao encontro do seu Vronski, àquelas horas da noite! Amavam-se um ao outro, o que já era magnífico, mas amavam-se enfrentando a proibição de ler, o que era ainda melhor! Amavam-se contra a vontade do pai e da mãe, contra o trabalho de matemática por acabar, contra a redacção, contra o quarto por arrumar, amavam-se em vez de irem para a mesa, amavam-se antes da sobremesa, preferiam estar um com o outro a irem ao futebol ou a apanharem cogumelos... tinham-se escolhido um ao outro, nada mais queriam do que estar um com o outro... meu Deus, como o amor é belo!
E como se lê o romance num instante!
Daniel Pennac, Como um romance, Ed. Asa
Pintura de António Bandeira
sexta-feira, 2 de março de 2007
Direitos imprescritíveis do leitor
Direitos imprescritíveis do leitor
1 - O direito de não ler.
2 - O direito de saltar páginas.
3 - O direito de não acabar um livro.
4 - O direito de reler.
5 - O direito de ler o que quer que seja.
6 - O direito ao bovarysme (doença textualmente transmissível).
7 - O direito de ler em qualquer parte.
8 - O direito de rebuscar.
9 - O direito de ler em voz alta.
10 - O direito de nos calarmos.